Cajueiro
Pequenino
Juvenal Galeno
Cajueiro pequenino,
Carregadinho
de flor,
À
sombra das tuas folhas
Venho
cantar meu amor,
Acompanhado
somente
Da
brisa pelo rumor,
Cajueiro
pequenino,
Tu
és um sonho querido
De
minha vida infantil,
Desde
esse dia... me lembro...
Era
uma aurora de abril,
Por
entre verdes ervinhas
Nasceste
todo gentil,
Cajueiro
pequenino,
Meu
lindo sonho infantil.
Que
prazer quando encontrei-te
Nascendo
junto ao meu lar!
—
Este é meu, este defendo,
Ninguém
mo venha arrancar –
Bradei e logo cuidadoso,
Contente
fui te alimpar,
Cajueiro
pequenino,
Meu
companheiro do lar.
Cresceste...
se eu te faltasse,
Que
de ti seria, irmão?
Afogado
nestes matos,
Morto
à sede no verão...
Tu
que foste sempre enfermo
Aqui
neste ingrato chão!
Cajueiro
pequenino,
Que
de ti seria, irmão?
Cresceste...
crescemos ambos,
Nossa
amizade também;
Eras
tu o meu enlevo,
O
meu afeto o teu bem;
Se
tu sofrias... eu, triste,
Chorava
como... ninguém!
Cajueiro
pequenino,
Por
mim sofrias também!
Quando
em casa me batiam,
Contava-te
o meu penar;
Tu
calado me escutavas,
Pois
não podias falar;
Mas
no teu semblante, amigo,
Mostravas
grande pesar,
Cajueiro
pequenino,
Nas
horas do meu penar!
Após
as dores... me vias
Brincando
ledo e feliz
O-tempo-será
e outros
Brinquedos
que eu tanto quis!
Depois
cismando a teu lado
Em
muito verso que fiz...
Cajueiro
pequenino,
Me
vias brincar feliz!
Mas
um dia... me ausentaram. .
Fui
obrigado... parti!
Chorando
beijei-te as folhas. . .
Quanta
saudade senti!
Fui-me
longe... muitos anos
Ausente
pensei em ti...
Cajueiro
pequenino,
Quando
obrigado parti!
Agora
volto, e te encontro
Carregadinho
de flor!
Mas
ainda tão pequeno,
Com
muito mato ao redor...
Coitadinho,
não cresceste
Por
falta do meu amor,
Cajueiro
pequenino,
Carregadinho
de flor.
Sonia Nogueira
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