ESCRITURA DO CORPO
Rejane Costa Barros
Dispo-me
pela manhã e uma luz me invade a alma
vou-me
repartindo em versos, em prosas, em laudas,
passeio
pelo quarto à procura do teu vulto
o
frêmito desejo da espera.
Aprender
a esperar é ter sabedoria, habitar quimeras.
Nos
dedos trago o gesto de um chamado
nas
mãos a loucura das promessas
e
os cânticos a entoarem horas e sílabas.
A
voz derramada em gritos num cego espaço
O
que escrever para não pecar?
O
que dizer sem ferir a carne? Vogais desta ânsia em fúria.
Vou
cantando pelas redondezas, desembrulhando aldeias,
e
esperando que o crepúsculo me vista com seu tom
que
as sombras me acolham e me temperem.
Ofereço-te
o riso escancarado e mudo num lapso de segundo,
num
momento apenas para que te alegres.
Mais
que as palavras, darei a ti meu pranto,
A
rosa, o gosto, um aroma de amor regressado.
Tenho
pesos em meus ombros, cruz nas costas,
um
veludo que me reveste o ventre
e
de cobiça, essa sensação de total entrega;
vou
descortinando a paisagem e me fazendo sombra,
a
passos largos danço no horizonte.
Meus
olhos aflitos procuram o lugar mais denso
espantam-se
com a cor negra do caminho,
sem
compromisso de se fazer herança
Trago
as mãos cheias de calor e sossego
para
dar-te como presente.
E
espalhando minha voz neste universo de tragédias
vou-me
doando e esperando a calma, a noite cinza,
o
amanhã composto de claridade e úmida colheita
assim
ofereço-me nesta hora em sons, em tons, em versos.
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